terça-feira, 1 de junho de 2010

Quando a jabulani rolar...

Aos poucos o clima da copa toma conta de todos. Não tem idade, preferência ou gosto que resista. Para nossa gente este tempo é ecumênico porque une gregos e troianos e bota do mesmo lado quem a vida botou em lados opostos. Palmeirenses e corintianos, colorados e gremistas, crentes e ateus, esquerda e direita. Todos ficam iguais, esquecem as diferenças e torcem pelo mesmo time. Até quem não aprecia o esporte é arrastado para dentro do futebol.
Para torcer, nada vai servir de estorvo. Nem o mau humor do Dunga. Nem a seleção que não é a que queríamos. Nada vai impedir figas, fogos, vestimenta amarela, reza e oração. Mas, não sai da cabeça que a seleção poderia ser melhor. Gremistas queriam ver o Vitor e Ronaldinho lá, mas quem manda dar chapéu no homem? Cada um queria um do seu time. É, o meu amigo Jair Cirino que foi Promotor em Umuarama e dirige o Coritiba da capital, garanto que torceu pelo Rafinha. Brincadeira à parte, todos queríamos os "meninos da Vila" na seleção. Num dia sem inspiração, eles resolveriam. Só Dunga não quis. Ele me lembra aquela mãe que viu o filho marchando fora do ritmo. Aí bateu no peito e saiu falando que o quartel é que marchava errado. Só o filho dela estava certo.
É muito mau humor num sujeito só que chegou a acionar polícia para receber humoristas de televisão. E democracia pouca, embora a imprensa às vezes chata. Quando lidamos com o que pertence a todos, não tem que ter limites nem para o humor. Muito menos reservas em atender a quem quer que seja. A CBF é de quem? Para os dirigentes, parece que ela é propriedade privada do seu Ricardo Teixeira que a herdou do sogro Havelange. Entra ano, sai ano e eles estão lá. Elegem-se, reelegem-se, trielegeu-se e vão se eleger de novo. Os verbo pode não existir, mas as práticas existem e garantem a eternização do poder. Isso deveria ser proibido porque reeleição nem sempre é coisa boa. Só que nada vai mudar. Nem na CBF, nem nas Federações, nem na política, nem em lugar nenhum. Os caras entram e não saem mais. Mas, poder que não se renova é sinônimo de ditadura.
Olhando as coisas assim, entendemos porque o presidente da CBF e seu técnico agem como agem. Acham que a seleção é só deles. Não dão satisfação a "nádie". O colega do dengoso diz que convocação é problema de ninguém mais que dele. Se alguém discorda, fecha a cara e mostra os dentes. Tudo em nome da coerência. Saiba, caro técnico da seleção, que perder ou ganhar não é problema só seu. É nosso também.
Os homens da CBF acham que não, mas a seleção é do povo. No fundo, é ele que sustenta toda a pompa e gala de dirigentes e jogadores. A CBF não está acima do bem e do mal, mas deve satisfação ao Ministério dos Esportes do país. Então ela nos pertence, brasileiros que somos e que amamos a Pátria desde antes de Tiradentes. Saibam todos que a quadra da história que vivemos adquiriu consciência de que o Brasil é de todos. Os que agem como se tudo dissesse respeito a meia dúzia, não passam de petulantes. Mais que isso: Imitam os déspotas que não ouvem ninguém. E lembram um certo Calígula, que impôs seu cavalo Incitatus como senador do Império romano.
Mas, queremos torcer muito, apesar dos pesares. Queremos estar equivocados ao discordar e pensar que o povo tem lá seu valor. Ele é sofrido, mas tem muita fé. E por isso, vai estar com um olho no céu e outro na seleção. Deus não é brasileiro? Então, fé n´Ele que o hexa vai vir. Quando a bola rolar. Digo, quando a jabulani rolar...
(Eliseu Auth é Promotor de Justiça inativo, atualmente Advogado militante).

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